Como me defender em processo por erro médico?

Entenda etapas, direitos e estratégias para se defender de processo por erro médico
Silas Camargo Galvão 22/10/2025 (30) Visualizações 12 minutos
Como me defender em processo por erro médico?


Enfrentar um processo judicial por suposto erro médico é uma das experiências mais desafiadoras para qualquer profissional da saúde. Além das consequências emocionais e financeiras, há riscos reputacionais significativos, possibilidade de abertura de processos éticos e até implicações criminais. Por isso, compreender o funcionamento desse tipo de ação e saber como se defender adequadamente é fundamental para proteger a carreira e a reputação.


Este artigo apresenta um guia completo e detalhado sobre o processo judicial por erro médico, explicando as fases processuais, os direitos do médico, o papel da perícia, estratégias de defesa e, principalmente, a importância de contar desde o início com um advogado especializado em Direito Médico.


Como saber se o que aconteceu foi realmente erro médico?

Erro médico é a conduta inadequada por parte do profissional de saúde durante diagnóstico, tratamento, acompanhamento ou mesmo em procedimentos preventivos, quando essa conduta viola o padrão técnico esperado da profissão e causa prejuízo ao paciente.


A definição exige atenção: nem todo resultado insatisfatório é erro médico. Medicina não é ciência exata, e até mesmo condutas corretas podem culminar em desfechos ruins por fatores imprevisíveis, como reações idiossincráticas ou evolução atípica da doença.


Os erros, quando comprovados, geralmente enquadram-se em três grupos clássicos:


  • Imprudência: agir de forma precipitada, sem cautela, assumindo riscos desnecessários. Ex.: indicar cirurgia sem exames essenciais.
  • Negligência: omitir-se em relação a cuidados indispensáveis. Ex.: não acompanhar sinais de agravamento do paciente no pós-operatório.
  • Imperícia: ausência de conhecimento técnico ou habilidade mínima para realizar determinado ato médico. Ex.: realizar procedimento para o qual não se tem treinamento especializado.


Em outras palavras, para saber se é erro médico verdadeiro é necessário:

  1. Comparar a conduta adotada com o que estabelecem diretrizes, consensos, protocolos assistenciais e padrões científicos.
  2. Analisar a documentação existente (prontuário, consentimento informado, evolução).
  3. Submeter o caso à avaliação de um especialista ou perito.


Muitas vezes, apenas uma perícia médica será capaz de concluir se a conduta foi compatível com a boa prática assistencial.


Como funciona um processo por erro médico no Brasil?

O processo judicial, regra geral, inicia-se quando o paciente ou seus familiares ajuízam ação contra o médico ou instituição, pleiteando indenização. A tramitação costuma seguir estas etapas:

  1. Petição inicial: formalização da acusação, com narrativa dos fatos, identificação do suposto erro e pedido de reparação de danos materiais, morais ou estéticos.
  2. Contestação: defesa do médico, na qual se expõem os argumentos técnicos e jurídicos contrários às alegações. É o momento de apresentar documentos, protocolos, consentimento e outros elementos favoráveis.
  3. Fase probatória: nesta etapa central, são produzidas as provas:
    - Perícia médica, conduzida por perito indicado pelo juiz.
    - Possibilidade de assistente técnico indicado pelo médico para acompanhar a perícia e apresentar parecer complementar.
  4. Oitiva de testemunhas e análise de documentos.
  5. Audiência de instrução e julgamento: se necessária, para ouvir testemunhas e esclarecer pontos técnicos.
  6. Sentença: o juiz avalia as provas e decide pela procedência (com fixação de indenização) ou improcedência.


Ônus da prova: pelo Código de Processo Civil, em regra, cabe ao paciente provar três pontos: dano sofrido, conduta culposa ou dolosa do médico e nexo causal entre eles.


Contudo, na prática, o médico precisa produzir provas técnicas para demonstrar que seguiu protocolos adequados. Além disso, mesmo o ônus principal sendo do paciente, não é incomum que o juiz determine antecipação de honorários do perito de forma rateada entre as partes ou até que o médico/instituição arque com parte desses custos, especialmente quando sua defesa requer diligências ou exames adicionais.


O que posso fazer para evitar condenações e processos por erro médico?

A prevenção é a estratégia mais eficaz contra condenações. E para isso, o médico deve:


  • Seguir rigorosamente protocolos assistenciais: basear condutas em guias atualizados, consensos de sociedades médicas e literatura científica robusta.
  • Documentar minuciosamente: manter prontuário legível, cronologicamente organizado, com registro completo de sintomas, hipóteses diagnósticas, exames solicitados, tratamentos indicados e evolução clínica.
  • Realizar consentimento informado: explicar detalhadamente riscos, benefícios e alternativas de tratamento, obtendo assinatura do paciente ou responsável.
  • Comunicar-se com clareza e empatia: pacientes bem informados tendem a ter menor propensão a litigar.
  • Atualizar-se constantemente: participar de cursos, congressos e treinamentos, mantendo-se alinhado às melhores práticas.


Justificar decisões médicas: sempre que se afastar do protocolo padrão, registrar no prontuário a motivação técnica.


Registrar, atualizar e se comunicar de forma profissional é tão importante quanto o próprio ato clínico, pois é essa base documental que sustenta a defesa.


Qual a importância de perícia médica no processo de erro médico?

A perícia médica é peça-chave no julgamento de ações por erro médico. Trata-se de uma investigação técnica conduzida por um profissional de confiança do juiz, que irá:


  • Avaliar o prontuário e demais documentos médicos.
  • Verificar, quando necessário, o paciente ou seus exames.
  • Responder quesitos (perguntas técnicas) formulados pelas partes e pelo juiz.
  • Concluir se houve, ou não, falha na conduta do médico, e se esta foi determinante para o dano.


O laudo pericial normalmente é o elemento de maior peso na decisão: mesmo diante de uma boa defesa escrita, um laudo negativo pode prejudicar seriamente o médico. Por isso a figura do assistente técnico é fundamental para defender a versão técnica do profissional.


O que fazer se eu receber uma notificação de processo por erro médico?

Receber uma notificação comunicando que você está sendo processado por erro médico pode causar insegurança, dúvidas e muita ansiedade—principalmente para quem não é especialista em direito. Saber exatamente como agir nas primeiras horas após esse aviso é fundamental para evitar erros que podem complicar sua defesa ou até comprometer sua carreira. Veja abaixo um passo a passo essencial com orientações práticas e claras sobre o que fazer logo após receber a notificação


  • Consultar imediatamente um advogado especialista em Direito Médico: agir rápido aumenta as chances de preparar uma defesa sólida desde o início.
  • Ler integralmente a notificação: compreender com precisão as acusações e os documentos usados pelo autor.
  • Reunir a documentação completa: prontuários, receituários, laudos, imagens, termos de consentimento, registros de comunicação e protocolos seguidos.
  • Evitar contato direto com o paciente ou familiares: conversas informais podem gerar novas interpretações e complicar a defesa.
  • Não admitir culpa sem avaliação técnica e jurídica prévia: mesmo pedidos de desculpas podem ser interpretados como confissão.

 

O que é responsabilidade civil médica e quando realmente tenho risco de ser condenado?

A responsabilidade civil é a obrigação jurídica de reparar danos causados a terceiros. No caso médico, implica indenizar paciente lesado, se comprovadas:


  1. A existência de dano efetivo;
  2. A conduta culposa ou dolosa do médico (imperícia, imprudência, negligência);
  3. O nexo causal, ou seja, que o dano decorreu diretamente da conduta.

O médico pode ser responsabilizado individualmente ou solidariamente com a instituição de saúde, dependendo do vínculo e das circunstâncias.


Como médicos se defenderam de processos?

Em resumo, médicos que registram tudo com cuidado, mantêm postura ética e contam com assessoria jurídica qualificada têm mais chances de vencer processos ou evitar condenações. Segue uma lista com os principais pontos que garantem uma defesa médica eficaz em processos judiciais:

  • Erro diagnóstico com evolução atípica: Prontuário minucioso e protocolos internacionais anexados; perícia confirmou que a conduta estava correta → arquivamento e improcedência judicial.
  • Publicidade irregular: Divulgação de “antes e depois” em redes sociais; defesa optou por firmar TAC, retirar conteúdo e evitar abertura de PEP e condenação civil.
  • Quebra de sigilo médico: Comentário em grupo restrito sem dados identificadores; defesa comprovou inexistência de dolo e instituiu medidas internas de prevenção → arquivamento.
  • Atraso no atendimento: Documentos comprovaram triagem por prioridade clínica conforme protocolos de emergência → caso encerrado.
  • Cobrança considerada abusiva: Contratos, orçamentos e comprovante de ciência do paciente mostraram regularidade → ação improcedente.
  • Suposta conduta desrespeitosa: Declarações da equipe e registros confirmaram postura cordial e ética → absolvição.

Cada caso revela que prontuário bem feito, postura profissional e assessoria jurídica especializada formam a base para defesas vencedoras.

Como me defender tecnicamente num processo por erro médico?

Para se defender tecnicamente em processos de erro médico, o segredo está na organização dos documentos, apoio pericial e construção da narrativa jurídica — confira a lista abaixo com os principais passos.


  • Organizar e entregar prontuário completo e contextualizado: atendendo a todas as normas médicas (normas legais, dos CRMs, do CFM, etc.).
  • Apresentar laudos técnicos e protocolos utilizados: mostrando que a conduta esteve dentro da prática recomendada.
  • Contar com assistente técnico pericial: para analisar, acompanhar e impugnar conclusões periciais contrárias.
  • Produzir prova testemunhal qualificada: equipe médica e de enfermagem que possa confirmar procedimentos realizados.
  • Estruturar, junto ao advogado, a narrativa técnica e jurídica: integrando medicina e direito para máxima eficácia da defesa.

 

Qual a importância do advogado especialista em Direito Médico?

A atuação do advogado especializado aumenta exponencialmente as chances de êxito, pois:


  • A(a) profissional compreende as rotinas médicas, o vocabulário técnico e os protocolos clínicos.
  • Traduz esses elementos para a linguagem jurídica de forma convincente.
  • Atua preventivamente, orientando sobre condutas e registros para evitar litígios.
  • Garante postura estratégica durante perícias e audiências.
  • Trabalha para preservar a reputação do médico, o que vai muito além de evitar condenações financeiras.


 Existe diferença entre erro médico civil e criminal? 


Sim. Na esfera civil, busca-se a reparação dos danos. Na esfera criminal, avalia-se eventual crime (como lesão corporal ou homicídio culposo), com risco de condenações mais severas, inclusive de restrição de liberdade.


Qual é o prazo para o paciente processar o médico? 

Em geral, o prazo para processar é de cinco anos a partir do fato ou do momento do conhecimento do dano. Casos no sistema público podem ter prazos diferentes—consulte sempre um especialista.


 Quais são os riscos de ser condenado por erro médico?


Além das indenizações por danos materiais, morais e estéticos, uma condenação pode:


  • Motivar abertura de processo ético-profissional no CRM;
  • Impactar negativamente a reputação;
  • Restringir oportunidades profissionais;
  • Elevar riscos em renovações contratuais com planos de saúde.

 

Conclusão

Enfrentar uma acusação de erro médico exige preparo técnico, jurídico e emocional. Prevenir é sempre o melhor caminho, com registros precisos, conduta ética, comunicação clara e atualização constante. Mas quando a denúncia se instala, atuar rapidamente com apoio de advogado especialista em Direito Médico é determinante para proteger carreira, finanças e reputação.

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