Como Interditar Uma Pessoa Incapaz

Entenda os aspectos legais da Interdição: o que é, quando é possível e quais procedimentos necessários para garantir os direitos e interesses do interditado (incapaz).
Rafael Magri 03/05/2024 Download PDF (179) Visualizações
Como Interditar Uma Pessoa Incapaz

Índice

  1. O que é interdição judicial?
  2. Quais os tipos de interdição?
  3. Quais pessoas podem ser interditadas?
  4. Quem pode pedir interdição?
  5. É possível interditar em cartório?
  6. Quais documentos necessários para interditar uma pessoa?
  7. É obrigatório Laudo Médico para interditar uma pessoa?
  8. Como interditar uma pessoa?
  9. Quais as consequências de uma interdição?
  10. Quanto tempo demora um processo de interdição?
  11. O que é Curatela Provisória?
  12. Quanto custa interditar uma pessoa?
  13. A interdição é para sempre?
  14. Precisa de advogado para interditar alguém?



Você já ouviu falar sobre situações em que uma pessoa não consegue mais gerir suas próprias finanças ou tomar decisões de vida devido a condições de saúde? Muitas famílias enfrentam essa realidade, mas sem um reconhecimento legal, fica difícil agir em nome dessa pessoa. A interdição judicial é a solução legal para formalizar essa incapacidade e proteger os direitos do indivíduo. Neste artigo, vamos explorar como esse processo funciona e quando ele é necessário. Vamos entender juntos como a interdição pode ajudar famílias a garantir o cuidado adequado e a gestão dos bens de seus entes queridos.



O que é interdição judicial?

A interdição é um processo judicial destinado a proteção de pessoas com incapacidade - total ou parcial, que não conseguem tomar decisões sobre assuntos civis devido a diversos fatores, como má formação congênita, déficit cognitivo, dependência química, transtornos mentais, entre outros.

 

Essa ação judicial deve ser considerada quando há evidências claras de que as limitações da pessoa comprometem seriamente sua capacidade de gerir sua vida e seus bens de forma independente.




Quais são os tipos de interdição judicial?


Interdição Total

Conhecida como curatela plena, é quando a pessoa é considerada totalmente incapaz de realizar atos da vida civil. O interditado fica impedido de tomar decisões sobre seus bens e questões pessoais. Neste caso, é nomeado um curador para representar o interditado em todas as áreas da vida.



Interdição Parcial

Mais conhecida como curatela restrita, é quando a pessoa é considerada incapaz somente para certos atos da vida civil, mantendo capacidade em outras áreas. O juiz especifica as limitações, e nomeia um curador para representar o interditado apenas nas áreas que a incapacidade foi reconhecida judicialmente.


Ao interditar uma pessoa, a escolha entre interdição total ou parcial depende das circunstâncias específicas do caso concreto, visando sempre proteger os interesses da pessoa incapaz. Essa decisão baseia-se em avaliações médicas, perícias técnicas e análises jurídicas que consideram a capacidade do indivíduo de gerir aspectos da sua vida civil

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Quais pessoas podem ser interditadas?

A interdição se aplica a pessoas consideradas incapazes, que não conseguem compreender ou administrar efetivamente suas próprias questões sociais ou expressões de vontade. Segundo o Código Civil

Desta forma, podemos citar os casos mais comuns de interdição::


  • Interdição de Idosos Incapazes;
  • Interdição por doenças mentais graves, como por exemplo a esquizofrenia;
  • Interdição por Alzheimer
  • Interdição por Autismo;
  • Interdição por Transtorno Depressivo Recorrente;
  • Interdição de Dependente Químico
  • Interdição de Viciado em Jogos e/ou Compras;
  • Interdição por Alcoolismo;
  • Entre outros. 


  • Quem pode pedir interdição?

    Segundo dispõe o Artigo 747 do Código de Processo Civil a interdição pode ser solicitada pelo cônjuge ou companheiro, parentes, pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando ou pelo Ministério Público

    Ou seja, essa são as pessoas que poderão entrar com a interdição judicial.



    É possível interditar em cartório?

    Não, o processo deverá ser realizado de forma judicial tendo em vista a preservação dos direitos do interditado. Atualmente não é possível realizar a interdição extrajudicialmente em cartório.



    Quais documentos necessários para Interditar uma pessoa?

    Para iniciar o processo de interdição, é são necessários os seguintes documentos, que podem ser enviados digitalmente para o advogado:


  • Documentos do Requerente: RG, CPF, Certidão de Nascimento ou Casamento e Comprovante de Residência;
  • Documentos do Interditando: RG, CPF, Certidão de Nascimento ou Casamento Certidão de Nascimento dos filhos menores do interditando (se houver) e comprovante de residência;
  • Laudo Médico: A avaliação médica indicando especificadamente, se for o caso, os atos para os quais haverá necessidade de ajuda de terceiros, com o nº da CID e nome da doença é essencial para atestar a incapacidade, mas não é imprescindível caso a pessoa se recuse a visitar o médico;
  • Demais Provas: Solicitadas de acordo com as necessidades específicas do caso.


  • É obrigatório Laudo Médico para interditar uma pessoa?

    O Artigo 750 do Código de Processo Civil prevê a necessidade de apresentação do laudo médico para solicitar a interdição de uma pessoa. 

    No entanto, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que o laudo médico exigido pode ser dispensado se o interditando não concordar em se submeter ao exame.


    De acordo com a decisão, uma vez que o propósito do laudo médico é fornecer indícios para verificar a viabilidade da interdição, é possível adotar uma abordagem menos rigorosa em sua obrigatoriedade. Isso, entretanto, não elimina a necessidade de apresentação de demais provas no decorrer do processo, incluindo a realização de perícia, a qual é medida obrigatória na ação.





    Como interditar uma pessoa?

    Para solicitar a interdição, é fundamental identificar a real necessidade devido à incapacidade mental ou física que impede a pessoa de tomar decisões por si mesma. É essencial obter laudos médicos e perícias técnicas que comprovem essa incapacidade, criando uma base sólida para o processo.


    O juiz irá analisar as evidências e pode requisitar perícias adicionais. Se concedida, a interdição resultará na nomeação de um curador, geralmente um familiar ou pessoa de confiança, que representará legalmente o interditado. Este curador deverá registrar a interdição no Registro Civil de Pessoas Naturais.


    Ao solicitar uma interdição, é essencial detalhar os fatos que demonstram a incapacidade da pessoa, especificar quando essa incapacidade começou, e explicar os motivos para a interdição. É importante também definir claramente os limites da proteção desejada e fornecer documentos que comprovem a incapacidade, incluindo laudos médicos, históricos de internações e avaliações psicológicas. Adicionalmente, a nomeação de um curador é um passo obrigatório no processo.


    Uma vez concedida a interdição, o curador assumirá a representação do interditado nas áreas especificadas pela sentença judicial. É importante notar que o processo de interdição pode variar conforme as circunstâncias específicas, sendo essencial a orientação de um advogado especializado em Direito de Família.


    Nos casos em que curador nomeado é responsável pela gestão dos bens, ele tem o dever de prestar contas anualmente sobre o patrimônio do interditado, além de proteger, orientar e assumir a responsabilidade pelo bem-estar da pessoa declarada incapaz.



    O que acontece com uma pessoa interditada?

    Quando uma pessoa é interditada judicialmente, ocorre uma mudança significativa em como ela pode exercer seus direitos civis. Aqui estão os principais efeitos da interdição:



    Perda da Autonomia Legal

    A pessoa interditada perde a capacidade de gerir seus próprios assuntos legais, financeiros e pessoais. Isso inclui a incapacidade de administrar seu patrimônio, celebrar contratos, ou tomar decisões médicas importantes.


    Nomeação de um Curador

    Um curador é nomeado para administrar as questões do interditado. O curador pode ser um familiar próximo ou, se não houver alguém disponível ou adequado, um curador público pode ser designado. O papel do curador é proteger os interesses da pessoa interditada, administrando seus bens e tomando decisões em seu nome conforme necessário.

     

    Proteção Legal

    A interdição tem como objetivo proteger a pessoa de ser explorada ou de tomar decisões prejudiciais devido à sua incapacidade. O curador tem o dever de agir no melhor interesse do interditado, garantindo que suas necessidades sejam atendidas de maneira responsável e ética.


    Revisão Judicial

    A situação do interditado e a conduta do curador podem ser revisadas periodicamente pelo tribunal para garantir que a interdição ainda seja necessária e que os interesses do interditado estejam sendo devidamente cuidados.




    Quanto tempo demora um processo de Interdição?

    Não há como determinar um prazo exato para a conclusão de um processo judicial, pois a duração depende de diversos fatores, incluindo a localidade, o juiz e as especificidades do caso. Geralmente, interditar uma pessoa e obter curatela definitiva pode levar de 1 a 2 anos. Entretanto, a necessidade de realizar perícias e ouvir testemunhas pode estender esse prazo.


    Por outro lado, a curatela provisória, quando comprovada a urgência, pode ser concedida em poucos dias após o ajuizamento da ação judicial.




    O que é Curatela Provisória?

    O artigo 749, parágrafo único, do CPC estabelece a possibilidade de nomeação da Curatela Provisória como medida emergencial concedida pelo juiz para proteger uma pessoa incapaz em situações urgentes. Esta decisão é temporária, mantendo-se em vigor até que a sentença final proferida e o termo de curatela definitivo seja expedido.



    Quanto custa interditar uma pessoa?

    Os custos para interdição e curatela variam conforme a complexidade dos atos judiciais, as perícias necessárias, e o número de partes envolvidas no processo. Além disso, pessoas que se qualificam para assistência judiciária gratuita são isentas dos custos processuais, mas ainda podem ter despesas com advogados, a menos que optem por serviços da Defensoria Pública.



    A interdição é definitiva?

    Nenhuma interdição é definitiva e pode ser revogada se a causa que levou à interdição não for mais aplicável. Se a condição que justificou a interdição inicialmente deixa de existir, o interditado pode ser reabilitado para exercer plenamente todos os atos da vida civil.



    Precisa de advogado para interditar alguém?

    Tendo em vista a necessidade de ação judicial, é essencial ser representado por um advogado especializado em Direito de Família regularmente habilitado na OAB para para solicitar a interdição de uma pessoa de forma adequada e eficaz.


    No escritório RatsboneMagri Advogados, destacamos sempre a importância de contar com profissionais experientes. Com vasta experiência em casos de interdição, sabemos que o conhecimento jurídico deve ser complementado por uma abordagem sensível. Caso tenha dúvidas adicionais ou deseje discutir detalhes específicos, nossa equipe está à disposição para ajudá-lo. Não hesite em entrar em contato conosco!

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